quarta-feira, outubro 11, 2006

O primeiro dia do resto de nossas vidas



Filho, se a sua gravidez foi tranqüila, seu nascimento teve todas as emoções que se esperam desse momento.
Estávamos eu e sua mãe, calmamente, assistindo os últimos episódios da 2ª temporada de "Lost" (tenho certeza de que você também será fã, já que acompanhou toda a série conosco, na gravidez).
Como já estava próximo da data de previsão do seu parto, decidimos intensificar o ritmo e assistir a todos os episódios antes de você nascer, para podermos nos dedicar mais aos seus cuidados.
Assim, por volta das 3h de 19.09.06 (uma segunda-feira), sua mãe começou a sentir mais contrações (já estava sentindo nos dias anteriores, só que mais leves). Ao medir a intensidade e freqüência, começamos a ficar aprensivos, pois o ritmo era de uma de 40 segundos a cada cinco minutos.
Resolvemos ligar para a médica, que falou para irmos ao hospital imeditamente para que ela pudesse examinar você e sua mãe.
Pegamos as malas que já estavam prontas há quase um mês e saimos rapidamente para lá. Eu estava super ansioso, mas sua mãe, apesar das dores, estava tranqüila e feliz, sentindo a iminência de sua chegada. Ela estava tão sossegada que ainda queria terminar de assitir aos episódios antes de irmos, com o que eu obviamente não concordei.
Você não imagina o que é dirigir o carro nessa situação! Olha que eu já passei por várias situações de muita adrenalina, mas esses momentos foram realmente incomparáveis. A sensação que eu tinha era de estar transportando uma carga de nitroglicerina pura, pois não podia errar nenhum movimento e torcer para não cruzar com nenhum bêbado maluco (repare que tenho sempre uma visão supeeeer positiva das coisas!)
Chegando na Maternidade do Hospital Nossa Senhora de Lurdes, anticlimax total! Ao invés de uma maca ou de uma cadeira de rodas para que sua mãe fosse prontamente encaminhada, só havia duas recepcionistas mal-humoradas que nos pediram para aguardar e passaram a preencher toda uma cansativa papelada.
Algum tempo depois...
Eis que surge a enfermeira bocejando, mede a pressão e temperatura e..., mais um pouco de espera...
Surge uma nova enfermeira, essa sim parecia alegre e feliz em realizar esse trabalho lindo de receber uma nova pessoa nesse mundo.
Após o exame, emoção! Mamãe estava com 1 cm de dilatação e em início de trabalho de parto.
Gabriel, você pode até não acreditar mas não vi sua mãe reclamar nenhum segundo das dores do parto. Ao contrário, cada vez que ia chegando a hora de você nascer ela ia ficando cada vez mais feliz!
Fizeram um exame de cardiotoco e seu batimento estava baixo e estável. Suspeitando que você estava dormindo, tocaram uma buzina na sua orelha (isso, somado com o irritante barulho de aviões na maternidade, me faz acreditar que você não é muito fã de ambientes barulhentos).
A Dra. Silvia, médica que fez seu parto, chegou e achou preocupante o resultado do exame. Ela decidiu romper a bolsa de sua mãe e, como havia mecônio no líquido, havia suspeita de que você estivesse sofrendo. Apesar de termos planejado um parto normal e tranqüilo para você, nem deu tempo de ficarmos chateados com a notícia da necessidade de cesárea, pois seu bem-estar era o mais importante naquele momento.
Isso tudo não demorou cinco minutos. Assinei a autorização para a cesárea e sua mãe foi levada imediatamente para a cirurgia.
Como eu queria acompanhar o parto, recebi uma roupa especial que pediram que eu vestisse e aguardasse ser chamado para a cirurgia.
Olha, foram os minutos mais longos da minha vida (a roupa eu coloquei em dois segundos).
Filho, logo você perceberá que a paciência definitivamente não é minha maior virtude. Naquele momento pensava mil coisas... Será que eles estam bem? Porque está demorando? Houve algum problema? Eu ficava preocupado pois no curso de gestantes a obstetriz falou que se houvesse problema o pai não seria chamado, por razões óbvias.
Por fim, fui chamado e entrei. A cena da cirurgia não era das mais agradáveis, porém, no meio da correria e da bagunça, vi e fiquei do lado de sua mãe, que logo se preocupou com minha palidez.
Ela mais uma vez estava tranqüila, serena, parecia uma veterana de vários partos.
Segundos depois, eis que surge um pequeno ser, cabeludo e roxinho! No começo, você parecia engasgado e eu, aflito, notei o cordão amarado em seu pescoço: "Circular de cordão", disse a médica, enquanto cortavam o cordão, e você chorou, para nossa alegria e alívio. Outra frase da médica: "Nossa, ele tem mais cabelo que o pai!" Hahahaha...
Bom, piadinhas de lado, você voltou após ser rapidamente limpo e aspirado, ainda choroso, porém ao ser colocado próximo à sua mãe parou imediatamente de chorar (situação que se repete até hoje).
Primeiras medidas: 3.580 kg e 50 cm.
A partir desse momento, nunca mais nos separamos. Subi com você para o berçário, enquanto sua mãe se recuperava.
Você logo tomou seu primeiro banho, sem chorar, indicando (esperamos) que deve gostar de água como seus pais.
Quando sua mãe chegou, você já acertou a mamada de primeira. Para mim não foi surpresa pois sua mãe estava super preparada e disposta a te alimentar (valeram as aulas e os livros do período da gravidez). Até hoje e, acredito que para sempre, ela está lá, paciente e pronta para te atender.
Você passou o primeiro dia praticamente dormindo e mamando. Na verdade, era preciso acordá-lo de tão tranqüilo que você estava. Estresse mesmo, só na hora em que passavam aqueles malditos aviões perto da maternidade. Você tremia todo com o barulho das turbinas, foi horrível. Para tentar diminuir o desconforto, tampávamos seus ouvidos cada vez que um avião passava (intervalos de cinco minutos).
Você logo recebeu as primeiras visitas: Vó Cilene, tia Adriana, Vó Terezinha, Vovô Ivaldo, tio Ivaldo, a Mara e sua madrinha Carol, que viajou de Mogi só pra te ver.
Modéstia à parte, seguramente você era o bebê mais bonito daquele berçário, uma verdadeira atração no local. Apesar de meus temores, era praticamente impossível não te reconher, até porque já te tenho guardado na memória e no coração.
Dois dias depois, já estávamos de volta para casa, onde cada dia você cresce mais lindo e maravilhoso!
Você continua tranqüilo, saudável e trazendo alegria e felicidade para nossa vida!
Obrigado meu Deus por toda essa alegria!
Te amo filho!
Até amanhã!
Papai

sexta-feira, outubro 06, 2006

Lana, a sobrevivente



Gabriel, antes de continuar contando sua ainda breve história, gostaria de te apresentar sua gatinha Lana.

Há cerca de dois anos, estavámos felizes e tranquilos em nossa vidinha cotidiana, quando a Cristine, amiga da sua mãe, nos mandou um e-mail sobre uma gatinha que tinha sido abandonada na porta da casa dela, ainda recém-nascida, junto com um irmãzinho e que estava procurando donos para adotá-la.

Ambos estavam em péssimo estado de saúde e, devido ao frio e a fome causada pelo cruel abandono, o gatinho faleceu.

A Cris e seu marido Alessander cuidaram da gatinha, acolhendo-a e levando imediatamente ao veterinário que conseguiu salvá-la. Ocorre que apesar de sua grande bondade eles não tinham condições de cuidar dela, pois já tinham outras duas gatinhas.

Ao recebermos o e-mail, ficamos imediatamente apaixonados e comovidos com a história dessa gatinha. Devo confessar que sempre detestei gatos e não estava nem um pouco empolgado para adotar a bichinha.

Porém, ao vê-la pela primeira vez, tão pequena que mal cabia na palma de minha mão, não resisti e no mesmo dia a levamos para a casa e lhe batizamos de Lana.

Hoje, ela é grande, forte, feliz, carinhosa e saudável, cheia de cuidados, comidas especiais e mimos.

É verdade que ela odeia veterinários e fica completamente incontrolável nas consultas. Além disso possui um irrestível gosto pela liberdade e já caiu duas vezes da rede de proteção que colocamos para dar mais liberdade para ela.

Apesar disso tudo, não tenho dúvidas! Deus colocou essa gatinha em nossas vidas e ela é a alegria da casa. Sua avó Terezinha lhe dedica tantos cuidados quanto para você Gabriel.

Tenho certeza que a Lana também está super feliz com sua chegada e que vocês terão uma relação tão especial como a nossa com ela. Você irá se apaixonar e brincar muito com sua gatinha, que desde de já está sempre do seu lado.

Cada vez que a vejo, penso nos animais e pessoas que não tiveram a mesma chance que ela e me orgulho da oportunidade de ajudar no seu crescimento e agradeço sua presença em nossa vida.

Te amo filho!

Até amanhã

Papai

quarta-feira, outubro 04, 2006

Eu te amo Gabriel!


Filho, como você irá perceber mais tarde, seu pai não é um cara muito adepto de padrões e rotinas. Talvez por isso só voltei a escrever em seu blog depois de 15 dias de seu nascimento.
Para recuperar o tempo perdido, vou fazer um breve resumo dos acontecimentos até agora.
A sua mãe (Giu), teve uma gravidez tranquila, período em que sempre sentíamos sua presença com chutes e movimentos na barriga.
Além disso, sempre viámos você nas ultrassonografias e ficavamos emocionados acompanhando seu crescimento.
Sua mãe trabalhou bastante e após o terceiro mês ficou superdisposta e animada, aguardando sua chegada.
Para mim, foi difícil ter que viajar e não poder ficar sempre com vocês, porém tinha a certeza que você estava bem e que nasceria com saúde.
Você não imagina o quanto foi querido e aguardado pela sua família! Para seus avós Terezinha e Ivaldo você é o primeiro neto e recebeu toda atenção e carinho do mundo. Além disso, é o primeiro neto homem de seus avós João Bosco e Cilene, que já curtiram a chegada de sua prima Manuella. Os tios Ivaldinho, Carol, Fabiana, Annna, Thiago, Alfredo, Taís, Fernando também estão babando por você. A tia Carol e o Fê são seus padrinhos e sempre estarão contigo.
Quem também acompanhou cada momento seu é sua gatinha Lana, que após passar nove meses dormindo com você em cima da barriga da Giu ainda insiste em dividir seu berço ou moíses quando você está dormindo. Basta você chorar para ela vir correndo ver o que está acontecendo e quando você está mamando ela fica te guardando, deitada nós pés da Giu.
Dizem que um filho muda tudo na vida da gente e no nosso caso a mudança em nosso apê é visível. Além do quarto do Gabriel, projetado e decorado pela avós Terezinha, Cilene e pela mamãe (com uma ajuda do papai e do tio Alfredo), foram instalados armários no quarto e na cozinha que ficaram lindos, isso sem falar nas cortinas e redinhas de proteção para você e para a Lana.
Para seus pais, seu nascimento significou a realização de um sonho e o fortalecimento de uma união que cada vez eu sinto que é obra de uma força maior que nos governa, o nosso Deus todo poderoso, a quem agradeço por toda essa felicidade.
A Giu é uma mãe e esposa maravilhosa, carinhosa e paciente comigo e com você, nos choros, angústias e dores.
Sua chegada renovou minhas forças para lutar e me modificou profundamente. Tanto é que prometo te escrever todo dia, contando os primeiros momentos do resto de sua vida que nós faremos de tudo para que seja de saúde e muita alegria.
Te amo filho!
Até amanhã,
Com amor,
Papai